sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Biomas - Clima e vida na terra

Espécie biológica
Quando se estuda o indivíduo concreto, vivendo num certo tempo e num determinado espaço, não se pode perder de vista que ele é representante de uma espécie biológica, o que o identifica com outros indivíduos. A espécie pode ser entendida como uma unidade taxonômica (relativo à classificação) que reúne os indivíduos que tenham algumas características em comum, mas a principal delas é a capacidade de gerar descendentes férteis. O conceito de espécie, apesar de abstrato, é muito útil pois permite estabelecer um olhar abrangente sobre uma multidão de indivíduos - que possuem uma série de características diversas entre si, o que constitui a diversidade específica - e que se identificam no essencial. Isso permite uma série de generalizações aplicáveis a todos indivíduos encontrados e que pertençam à mesma espécie.
Tipos de espécies
As espécies, com relação a um determinado habitat estudado podem ser classificadas em:

Residentes: as que realizam todo ciclo de vida, inclusive a reprodução, nesse habitat. Estas podem ser:

Endêmicas: se têm distribuição restrita a um habitat bem definido. Ex: lobo-guará, que só é encontrado no cerrado brasileiro.

Cosmopolita: se estão distribuídas por todo o mundo, em muitos habitats diferentes. Ex: mosca doméstica.


Visitante: as que estão presentes durante o período de migração, realizando no local apenas parte do ciclo de vida. Ex: falcão peregrino no Brasil.

Exótica: as que foram trazidas de outro ambiente. Um exemplo é o pardal, natural da Europa e que foi introduzida na América pelo colonizador.
Do ponto de vista ecológico e de preservação há outra classificação de espécies que nos interessa. Quanto ao risco de extinção, elas podem ser:

Espécie rara: aquela que dispõem de número reduzido de exemplares, os quais podem estar concentrados numa área pequena (como certos beija-flores) ou espalhados em grandes áreas (como os gaviões Harpia).

Espécie ameaçada: aquela que está em processo de diminuição do tamanho populacional, atingindo um nível que põe em perigo sua sobrevivência. É o caso do mico-leão-dourado.

Habitat
Referindo-se ao local onde se encontram os indivíduos de uma espécie (floresta, lago, rio, ilha, tipo de árvore, camada de solo), os ecólogos costumam usar o termo habitat. Cada habitat é caracterizado pelas condições ambientais que lhe são próprias. Assim, um terreno em declive pode possuir dois habitats: um da parte alta do terreno, onde o solo é mais seco e outro - de solo úmido - na parte baixa.
A ação do homem sobre o meio ambiente pode criar novos habitats que favorecerão a sobrevivência de algumas espécies. É o caso do meio urbano (cidades) para o qual os pardais e os rato, além do próprio homem, estão bem adaptados.

Valência ecológica
As espécies podem ser classificadas tomando-se em conta a possibilidade de ocuparem habitats diferentes. Para isso, os ecólogos usam o critério da valência ecológica, que é a capacidade que a espécie possui de povoar ambientes diferentes, suportando grandes variações ambientais. A valência ecológica é uma característica da espécie que regula a amplitude de sua distribuição sobre a Terra. Em função desse critério podem ser divididas em:

Euriécias: aquelas com grande valência ecológica, podendo ocupar habitats variados. Corresponde, em geral, à espécies cosmopolitas, isto é, as que estão espalhadas pelo mundo, como a mosca doméstica.

Estenoécias: aquelas com pequena valência ecológica e com distribuição restrita a poucos habitats bem determinados. Geralmente, essas são chamadas de espécies endêmicas. Um exemplo é o lobo-guará, que somente é encontrado no cerrado brasileiro.
Fatores ecológicos
Ao se estudar a distribuição das espécies pelos diversos habitats da Terra, os ecólogos têm-se perguntado por que essa espécie existe nesses locais e não em outros; bem como, o que faz com que uma espécie tenha uma distribuição mais ampla do que outras.
Procurando responder essas questões, eles perceberam que não só a distribuição da espécie pelos diversos habitats, mas como a própria sobrevivência do indivíduo, estão determinadas pela existência de certos elementos do meio ambiente que podem agir diretamente sobre o funcionamento do organismo, e sobre o seu ciclo de vida. Esses elementos receberam o nome de fatores ecológicos.
Didaticamente, os fatores ecológicos são divididos em:

Abióticos: que compreendem os elementos não-vivos do meio, como os físicos, químicos e edáficos (relativos ao solo).

Bióticos: que envolvem a ação de outros seres vivos, através das relações ecológicas.
É preciso ter-se em conta que essa classificação é forçada, ainda que clara e prática pois os fatores sobrepõem-se na natureza. Por exemplo, na Amazônia o clima - que envolve fatores físicos (p. ex., temperatura) e químicos (p. ex., água) - sendo um fator abiótico importante na sobrevivência de muitas espécies, é influenciado pela vegetação (fator biótico).
Leis da Tolerância e do Mínimo
O estudo do efeito dos fatores ecológicos sobre os seres vivos levou os ecólogos a enunciarem a Lei da Tolerância, estabelecendo que "cada espécie apresenta, para cada fator ecológico, um valor máximo e mínimo entre os quais consegue sobreviver". Assim, por exemplo, a carpa tem, para a temperatura, um mínimo tolerado de 4oC e um máximo de 24oC. Outros peixes de aquário e tanque de água doce tem limites mais restritivos, como o acará-bandeira que têm um mínimo de 28oC e um máximo de 30oC.
A abundância de uma espécie varia em função do nível de intensidade do fator ecológico considerado. É uma representação gráfica que permite visualizar a Lei da Tolerância.
O fisiologista e químico Liebig, descobriu outra lei que rege a ação dos fatores ecológicos sobre os seres vivos. É a chamada Lei do Mínimo, que em Ecologia possui o seguinte enunciado: "A distribuição de uma espécie é controlada pelo fator ecológico para o qual o organismo possui menos controle e os menores limites de tolerância". Esse fator ecológico é denominado fator limitante, pois limita a ocupação de outros habitats pela espécie e é diferente para cada espécie. Pode ocorrer que uma espécie seja afetada por vários fatores limitantes, sendo isso comum entre espécies estenoécias.
É comum, para muitas espécies, que o fator limitante venha a ser o mais crucial no período da reprodução, quando os organismos tem seus limites de tolerância mais estreitos.
Constitui-se, também, num princípio geral, o de que quando um organismo está submetido ao stress ("pressão") num determinado fator, os seus limites de tolerância para outros fatores diminuem.

Adaptação e Evolução
É um princípio universal o de que a espécie tem que ter ajustadas as suas características corporais e comportamentais (que o geneticista chama de fenótipo) aos fatores ecológicos do habitat onde vive, principalmente aos fatores limitantes. Esse ajustamento é chamado adaptação. Os ecólogos evolutivos têm especial interesse por conhecer a ação dos fatores ecológicos e os mecanismos de adaptação, para com isso entenderem um pouco mais sobre o processo da evolução. Pois a evolução nada mais é do que a constante adaptação da espécie ao ambiente onde vive. Essa adaptação contínua acumula modificações na estrutura genética até produzir uma espécie totalmente nova.
Estratégias adaptativas
Os geneticistas e ecólogos evolutivos notaram, também, que em muitas espécies é comum o fenômeno do polimorfismo, isto é, a existência de indivíduos da mesma espécie diferentes entre si em algumas características (tamanho, cor, preferência alimentar, forma do corpo). Logo surgiu a pergunta: "por que não são, sempre, todos iguais?"; "qual é a vantagem adaptativa em haver esse polimorfismo?".
A resposta veio por meio do conceito de estratégias adaptativas, que significa o tipo de estrutura fenotípica (seja com um só fenótipo na espécie ou com vários diferentes) que existe na espécie em função do tipo de ambiente e da capacidade de tolerância da espécie. A grosso modo, há dois tipo básicos de estratégias adaptativas:

Mista: quando na espécies existem vários fenótipos, cada um mais adaptado a um tipo de habitat ou circunstância. Os fenótipos, ou mesmo raças, diferentes e que ocupam habitats específicos e distintos são chamados ecótipos. Ocorre em ambientes muito variáveis tanto no espaço, como no tempo. São os chamados ambientes de granulação fina. Essa situação encontra-se entre espécies estenoécias, com estreitos limites de tolerância.

Pura: quando na espécie existe apenas um fenótipo, que é o melhor adaptado para aquele habitat. Se a espécie que adota essa estratégia é estenoécia, certamente ela viverá num ambiente estável, denominado ambiente de granulação grossa. Se, no entanto, no decorrer da sua história evolutiva tiver se tornado euriécia, com ampla faixa de tolerância para os fatores ecológicos e com poucos fatores limitantes, ela poderá viver num ambiente de granulação fina.
O conceito de granulação grossa e fina é muito relativo, dependendo do tempo de vida, tamanho e deslocamento da espécie. Assim, por exemplo, um grande pomar, com vários tipos de árvores frutíferas misturadas, pode ser um ambiente de granulação fina para uma ave frugívora (que come frutas), pela grande variedade de fontes alimentares que fornece. Mas, para um pequeno inseto que passa toda a sua vida num único pé de laranja - com uma única fonte alimentar -, o pomar é um ambiente de granulação grossa.

Davi Pinheiro - EQUIPE 2

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